Irrigação para fruticultura
(12 de outubro de 2011)
O programa de irrigação do semiárido vem sofrendo modificações conceituais para ser relançado como uma espécie de "PAC da Irrigação". As mudanças foram confirmadas pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, depois de conhecer as dificuldades registradas nos perímetros irrigados do Ceará, onde os pequenos e médios produtores são tolhidos pela falta de financiamento agrícola.
O governo pretende transferir a gestão dos perímetros irrigados para as empresas, anunciou o ministro, como saída para equacionar os entraves gerados pela falta de financiamento, a ociosidade das terras e as questões de infraestrutura O ministro visitou os perímetros irrigados Tabuleiros de Russas e Jaguaribe-Apodi, no Vale do Jaguaribe, ouvindo as demandas dos produtores rurais.
No semiárido, a ideia original dos perímetros era assentar os trabalhadores rurais do Nordeste, sem terras, sem tecnologia, sem organização rural e sem mercado para a absorção da produção agrícola deles extraídos. Diante de seus custos, eles mereceram graves considerações públicas, feitas pelo então presidente da República, Ernesto Geisel, quando da inauguração do perímetro instalado em Morada Nova.
Pelo visto, os valores elevados, bancados pelo governo federal, não tiveram continuidade, em razão da produção muito aquém do esperado, do despreparo do produtor, da ausência de organização rural e, principalmente, de financiamento de suas atividades a juros ajustados à produção da agricultura familiar. Com a produção de peixes ocorreu fenômeno parecido. A velha guarda do Dnocs, quando concebeu o seu serviço de pesca e piscicultura, tinha como objetivo suprir a população do semiárido de proteína animal carente à mesa da população sertaneja, especialmente nos ciclos de estiagens prolongadas. O Dnocs conseguiu implantar a maior escola latino-americana de piscicultura, aclimatou espécies expandidas como a tilápia, mas não garantiu a questão central da alimentação: o elevado déficit de proteína.
O Ministério da Integração Nacional tem uma nova bandeira: universalizar os recursos hídricos, aproveitando os 340 mil hectares das áreas de perímetros irrigados existentes no País, pois somente 200 mil hectares produzem atualmente. Para tanto, recorrerá à iniciativa empresarial, levando em conta os primeiros resultados obtidos pelo Perímetro Irrigado Tabuleiros de Russas, onde as linhas de financiamento permitiram a expansão dos 678 hectares iniciais, em 2006, para 4.143 hectares de produção, neste ano.
A expectativa se volta para a produção de 46 mil toneladas de frutas para o abastecimento dos mercados interno e externo. O Perímetro Tabuleiros de Russas, abrangido pelas experiências em irrigação de Russas, Morada Nova e Limoeiro do Norte, tende a se transformar no maior polo fruticultor do Nordeste Setentrional. A irrigação será feita por gotejamento para economizar a água armazenada. Aberto a pequenos, médios e grandes produtores, por enquanto, as duas primeiras categorias se ressentem de exigências bancárias para obtenção de financiamento. A solução exigirá criatividade.
(Fonte: Diário do Nordeste)
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