Esgoto sendo jogado onde um dia foi o Rio Jeniparana
Poluição ameaça rios da Ilha de São Luís
por Jock Dean
(O Estado do Maranhão - 28/09/2011)
Quem trafega pela Avenida Tancredo Neves, no Geniparana, pode não saber, mas a vala que passa por baixo da ponte existente na via é, na verdade, o que sobrou do Rio Jeniparana, que está morrendo por causa do assoreamento e do acúmulo de lixo em seu leito A falta de conscientização da população para a importância da preservação dos recursos naturais e a ausência de um plano gestor dos recursos hídricos são algumas das ameaças às bacias hidrográficas da Ilha de São Luís.
A Bacia Hidrográfica do Rio Jeniparana ocupa uma área de 81,18 quilômetros quadrados na região da Cidade Operária, estendendo-se por 15,03 quilômetros, cortando bairros como Cidade Olímpica, Jardim América, Vila Janaína, Geniparana, Mata e regiões adjacentes. Hoje, a nascente do rio, entre as Unidades 105 e 205 da Cidade Operária, está soterrada.
Em visita ao leito do rio, Thereza Cristina Pereira, vice-presidente do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (Fonasc), explicou que o processo de poluição do rio começou há 30 anos. "O rio começou a sofrer com a ação humana quando a área no seu entorno começou a ser urbanizada com maior intensidade, sem planejamento com relação aos recursos naturais", disse.
Esgoto - Hoje o rio é o depósito de esgoto e lixo dos bairros de sua área de influência. Os moradores do entorno depositam o lixo no rio. Em seu leito é possível ver embalagens plásticas, caixas de papelão, restos de plantas e até sofás e colchões são vistos sobre o curso d'água. As tubulações feitas pelo poder público seguem esse modelo. A vegetação das margens, em diversos pontos, já desapareceu.
Betânia Mendonça, que mora ao lado do rio há 10 anos, acompanhou de perto o processo de degradação do recurso hídrico. "Quando eu cheguei aqui o rio já estava em processo de poluição. Muita gente que passa por aqui se refere a ele como uma vala de esgoto porque a água é preta, fede e é sempre lotado de lixo. Até animais mortos jogam aqui", afirmou.
Na região da Estrada da Mata, a construção de imóveis está aumentando o aterramento do Jeniparana. "Construções muito próximas das margens dos rios podem causar o acúmulo de água na área, pela falta de espaço, e isso causa alagamentos. O ideal seria que essas construções ficassem a uma distância aproximada de 50 metros", explicou o professor Manoel Araújo, um dos coordenadores do Comitê Infanto Juvenil da Bacia Hidrográfica do Rio Jeniparana, formado por seis escolas comunitárias da área, com o intuito de engajar a juventude na preservação e conservação dos seus recursos hídricos.
Outros rios da Ilha de São Luís como o Anil, Bacanga, Maioba, Paciência e Cachorros estão passando pelo mesmo processo ao longo de seu curso. Relatório da Agência Nacional de Águas (ANA) divulgado este ano alertou para a ausência de planos de gestão dos recursos hídricos no estado. "A bacia hidrográfica é a unidade de caracterização, diagnóstico, planejamento e gestão ambiental. Nela os impactos ambientais podem ser mensurados e corrigidos mais facilmente, por isso sua importância", informou Thereza Cristina Pereira.
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